top of page
  • Tiago Moreira

Em nome de Padim

Este artigo é parte da série: O poder do mito


Este artigo é citado na série: Compêndio da Terra dos Cornos

 

Ó Pai Santo, Divino Pai


Pedimos, em vossa presença augusta, humildemente, por uma vida justa. Trazei justiça a quem vos busca!


Ensinai-nos coragem para fazer o bem, compaixão por quem nada tem, e tolerância, não importa a quem.


Dai-nos força para labutar, fortitude para perseverar e virtude para, em seu nome, triunfar.


Somos todos filhos vossos, Divino Pai, somos todos irmãos em vossa paz.

O culto ao Divino Pai é a religião predominante na Cornália. Segundo seus devotos, toda a humanidade foi criada pelo progenitor divino, e todos os homens e mulheres, não importando relações sanguíneas, são irmãos e irmãs. A família terrestre é apenas parte de uma família celestial maior, e é o desejo do Divino Pai, ou "Padim", como é carinhosamente chamado, que uns ajudem aos outros em momentos de dificuldade.


As origens deste culto foram obscurecidas pelo tempo. Estudiosos teorizam que ele é o que resta de uma religião ancestral, anterior ao grande império. O rei-destino, em sua ânsia insana por unificar o mundo sob seu estandarte, teria perseguido a religião ancestral até sua quase extinção.


De fato, fora da Cornália, o culto ao Divino Pai é quase inexistente. Há alguns devotos entre as classes mais baixas da vizinha Dragona ou em outros locais alcançados por emigrantes cornos, mas geralmente o culto foi suplantado pela maior, mais organizada e influente Igreja do Sol.


O cânone do culto é bem simples: um curto mito da criação da humanidade, nascida da vontade divina do progenitor, um códice moral que enfatiza a caridade, coragem e bons atos, e crônicas variadas de eras passadas, em que relatos históricos são recontados aos olhos de Padim.


O culto não é uma religião organizada. Sacerdotisas, chamadas de madres, e sacerdotes, chamados frades, constituem seu clero informal. Ambos os sexos podem conduzir cerimônias religiosas, mas tradicionalmente as madres assumiam funções de educadoras, mediadoras, curandeiras e parteiras, enquanto os frades eram cronistas, pacificadores e guardiões de comunidades. É permitido que constituam família, mas o celibato é visto como uma devoção mais profunda à fé e à "família celestial" que é toda a humanidade.


As relações entre sacerdotes e coronéis nem sempre foram amistosas. Tradicionalmente, os devotos de Padim detinham muita influência junto ao povo e se opunham aos abusos dos governantes.


Os clérigos às vezes se deixaram desvirtuar, contudo. Ao longo dos anos, muitos foram subornados por homens poderosos; outros abusaram de sua própria influência para intimidar ou mesmo guerrear contra os donos de terras.


Essas relações melhoraram após a ascensão dos ensinamentos de São Silvério, há duzentos anos. Contudo, o recente expurgo promovido pelo Coronel Tibúrcio Mendes, em sua ânsia de conquistar a Cornália, serviu para lembrar que a religião continua ameaçada de extinção.

Ó Pai Santo, Divino Pai

A ti, proponho uma aliança.

Ao mundo, levarei esperança.

Prometo ajudar os carecidos

E lutar pelos combalidos

Até minha morte chegar. E quando em tua casa eu entrar, Prometa-me, meu Padim, Que, como santo, receberás a mim.

 

Retornar à série: O poder do mito


Retornar à série: Compêndio da Terra dos Cornos

bottom of page