- Tiago Moreira
Jornada para a Terra dos Cornos, parte 1 (ou: faltam 30 dias!)
Há cerca de uma década, não me recordo exatamente quando, eu acabava de rabiscar um sistema de regras de RPG e começava a planejar uma nova campanha. Só tinha certeza de duas coisas: seria um ambiente de fantasia heroica, e o nome do cenário seria Anima ("alma"). Chamei os jogadores, expliquei rapidamente a premissa e deixei-os imaginar livremente seus personagens em conceitos gerais.
Aquilo daria origem a uma aventura grandiosa que durou mais de quatro anos, ao longo dos quais o rascunho de um mapa se tornou o embrião de um mundo com vida própria. Cada região visitada (ou apenas comentada) ganhou história e costumes, tecendo uma trama em que tudo se interligava.
Dentre as muitas nações, estava a "Cornoália", uma região surgida de uma anotação feita apenas para preencher um canto do mapa. O nome era uma brincadeira irreverente, uma corruptela de "Cornualha", com ênfase na palavra "corno". Somente alguns meses depois eu viria a pensar nos detalhes.
Quando os personagens puderam finalmente visitá-la em nossa campanha, encontraram ali um sertão árido, dominado por coronéis e assolado por cangaceiros. "A Saga das Dez Mil Balas", foi como chamei aquele arco de histórias. O objetivo: salvar aquela terra de um coronel metido a general, que conquistava terreno pela luta armada.
Agora, dez anos depois, eu volto a essa terra árida. E você, leitor, há de conhecê-la em todos os detalhes. Essa é uma região de injustiças e sonhos, de pobreza e esperança, de monstros e homens, de heróis e santos.
Agora, o Rei do Cangaço vem para lavar o sertão com sangue.
Além dos ermos, liberdade.
Pelo caminho, morte.
Através da jornada, justiça.
Faltam 30 dias!